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Nasci em Franca, de onde saí com 19 anos para estudar Ciência da Computação em Uberlândia aos 19 anos, em 1994. Fiquei até 1998 naquela cidade, quando fui para São Carlos fazer mestrado em Ciência da Computação. Depois, fiz doutorado em Ribeirão Preto, finalizando em 2007. Desde que saí de Franca, sempre tive vontade de voltar para minha cidade natal. E então, durante o mestrado e o doutorado percebi que gostava de docência. Durante um programa de aperfeiçoamento de ensino, o Projeto PAE, na USP São Carlos, fui monitor de uma disciplina e gostei de dar aula, do contato com os alunos... Em 2008, surgiu a oportunidade de me tornar professor universitário, quando se implantou a Fatec Dr Thomaz Novelino em Franca. Abriu concurso para uma disciplina de Informática na primeira turma do curso de Gestão da Produção Industrial (GPI), prestei e passei. Foi um sonho realizado! A experiência docente que tive de 2000 a 2008 me ajudou muito no concurso, principalmente porque a Fatec preza por experiência, por prática. Desde 2000 venho exercendo a atividade profissional também no mercado de trabalho, o que também contou para eu entrar na Fatec. Enquanto se dava a implantação do curso de GPI, a então diretora da unidade, professora Isabel Buttignon, pediu-me que a ajudasse a analisar propostas de novos cursos para a unidade. Passamos 2009 e 2010 pensando em cursos que poderiam ser implantados aqui em Franca. A Isabel e eu visitamos entidades como a Associação Comercial e Industrial de Franca (ACIF) e o SEBRAE, a fim de realizar uma pesquisa para saber que curso poderia ser útil à cidade, atendendo à demanda local por profissionais da área de tecnologia. Então, percebemos que um curso na área de informática, computação, poderia apoiar as outras atividades que são realizadas em Franca e região, principalmente o setor de calçados, o têxtil e o de serviços. Já havia na cidade um curso nessa área, mas não atendia a toda a demanda. Dessa forma, esse estudo, incentivado pela direção, foi entregue para a Unidade de Ensino Superior do Centro Paula Souza (CESU), que aprovou sua implantação. Em agosto de 2010 iniciou-se a primeira turma de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS) na Fatec Franca, sob minha coordenação. No início tínhamos apenas uma turma, no período da manhã; um ano mais tarde, conseguimos colocar também o curso no período noturno. Naquela época, de início da implantação da faculdade, com os dois cursos, ocupávamos o antigo campus da Unesp, que ainda estava sendo desocupado por aquela universidade. Nossa infraestrutura era básica: para o curso de Gestão da Produção Industrial usávamos um laboratório de informática da própria Unesp. Eram 20 computadores, nos quais era ministrada a disciplina de informática. Com o tempo, chegaram novos computadores e pudemos fazer um outro laboratório, que passou a ser utilizado pelo curso de ADS, que começou já com dois laboratórios. Esse fato revela a preocupação do Centro Paula Souza e a nossa com a qualidade do curso, desde seu início. O laboratório da Unesp era suficiente para o curso de GPI, mas no ADS precisávamos de mais laboratórios. Evidentemente, era um curso em implantação, a cada semestre entravam novas turmas e à medida que foi passando o tempo novos laboratórios foram sendo criados. Mas, de fato, conseguimos fazer muito aqui, foram adaptações, com muito esforço, com muita luta, para conseguirmos fazer um curso de qualidade como o Centro Paula Souza exige. Sem dúvida foram tempos heroicos – vemos o que temos hoje, é impressionante, esquecemo-nos de onde partimos... O que teve que ser feito nesse tempo...

Em 2020 o curso de ADS fará dez anos e é muito bonito o trabalho de recuperação de nossas memórias, para que possamos nos lembrar tudo o que aconteceu, todos os percalços por que passamos e como crescemos, isso é muito importante. Claro que nem tudo nesse percurso foi fácil, mas as lembranças das dificuldades por que passamos têm ao mesmo tempo sabor de dever cumprido! Uma das maiores dificuldades do curso em implantação era abrir concursos e contratar novos professores. Os concursos [do Centro Paula Souza] sempre exigem experiência profissional - ou o docente tinha que ter uma experiência profissional razoável no mercado de trabalho, com 12, 8 ou pelo menos 5 anos de experiência comprovada, ou então o candidato tinha que ter já um mestrado na área, que era a exigência mínima dos concursos. Isso de fato faz com que o coordenador tenha que “rebolar”, porque não basta simplesmente publicar um edital, é necessário ir atrás das pessoas, nos lugares em que potencialmente haverá candidatos para prestar o concurso. Enfim, é necessário buscar professores preparados para assumir as suas disciplinas. O fato de os concursos serem por hora-aula dificulta que professores de fora de Franca o procurem, devido à impossibilidade de assumir apenas 4 aulas sem ajuda de custo para combustível. Dessa forma, era necessário procurar profissionais da própria cidade, o que dificultava um pouco o trabalho do coordenador. Mas, enfim, conseguimos, o resultado está aí: alunos satisfeitos e melhorando sempre, a atual coordenação e a atual direção fazendo o melhor possível para manter a qualidade dos cursos. Então, olhando pra trás, percebe-se que o esforço valeu a pena. Eu fiquei na coordenação durante dois anos, de agosto de 2010 até agosto de 2012. Ajudei a fazer a implantação do curso, assim como seu reconhecimento. Naquele momento, então, passei o bastão pra uma para um outro professor, a professora Jaqueline Brigladori Pugliesi, pois achei que o meu trabalho de implantação - a fase mais trabalhosa - tinha sido realizado e deveríamos dar chance para uma outra pessoa. Continuei como professor da Fatec Franca e sobre a experiência que tenho vivido aqui devo dizer que temos conseguido cumprir nosso papel social, promovendo de fato o desenvolvimento social, econômico e tecnológico da cidade e da região. Por exemplo, na área de computação, não há cursos gratuitos aqui em Franca, apenas privados, nos quais o aluno tem que pagar mensalidade. E a Fatec, esse curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas possibilita que o aluno de baixa renda possa estudar, fazer um curso de ensino superior na área de computação. Nesse sentido, os resultados que temos muito bons, muito surpreendentes: o engajamento desses alunos no mercado de trabalho e a cidade de Franca podendo produzir softwares, infraestrutura, gestão de serviços de TI com qualidade. Eu sempre me vi como um professor, desde o mestrado.

E hoje eu tenho muito orgulho da profissão que escolhi. Recomendo às pessoas ainda escolherem a profissão de docente apesar de o ensino superior estar sendo transferido para a modalidade de ensino à distância, tendo diminuído a participação do corpo docente em sala de aula. Ainda acredito que a graduação precisa ser realizada presencialmente, principalmente devido à qualidade dos nossos alunos, seu estilo e sua idade. Sou muito feliz com minha escolha, estou muito contente com a profissão que eu exerço e por trazer a felicidade e o conhecimento para os alunos e ajudá-los a mudar de vida: sair do ensino médio, entrar no ensino superior, procurar um trabalho e começar a sua vida. Gostaria de parabenizar [o GEPHEMEP] pelo projeto que realizam - resgatar a memória é sempre motivo de emoção. A gente se emociona por reviver e pensar em tudo o que aconteceu, nas dificuldades... mas ao mesmo tempo na sensação de dever cumprido. Acho que nós da Fatec Franca estamos no caminho certo, com o ensino superior que promove, sempre preocupando com as demandas do mercado de trabalho. É isso!

Professor Dr. Daniel Pires